O INSTANTE ME PERTENCE
O que tenho eu do tempo senão o instante? O que há de vir, ainda não
veio, não estou nele ainda e nem sei se estarei. O que ficou para trás, ficou.
Não dá para voltar um segundo sequer. Está consumado o passado! E o futuro não
existe como tal. Memória sim, planejamento sim. Posse, porém, tenho só do
agora.
Não existe outra forma de viver se não for aproveitando o presente. Se
eu não conseguir mergulhar-me no instante, estando inteiro nele, não vivo de
verdade. Posso até ter boas lembranças (assim como lembranças traumatizantes),
mas não estão mais comigo. Trago consequências do passado, mas tenho que estar
certo que o passado está fora de meu controle. Quanto ao futuro, posso imaginar
e planejar, mas ele nunca é real. Quem não vive o presente em função do futuro,
nunca terá em mãos nem o presente nem o futuro.
O que preciso, portanto, é uma coisa só: me agarrar no aqui e agora. É
a única forma de viver de verdade. O que eu me propuser a fazer, tenho que
fazer de tal forma que aproveite as chances que estão comigo. Tenho que abraçar
o presente, é o que me pertence.
As pessoas, de forma geral, tendem a estar no passado, mergulhadas em
memórias. Ou no futuro, lutando por sonhos que um dia poderão realizar. Se, ao
menos, olharmos para o futuro, como um alvo e fazer o agora ser o início da
realização, ainda pode ter um sentido. Ficar sentado, sonhando com o que nem se
sabe se vai acontecer ou não, porém, é apenas uma forma de não viver.
O hoje é o que tenho para viver. E é isso que busco. Não fico mais
choramingando de saudades ou ressentimentos. Também não perco mais tempo gastando
toda a energia para planejar aquilo que está no futuro. Tanto o passado como o
futuro, em si mesmos, são inexistentes.
Não sou tão louco, no entanto, a ponto de não me preparar para as
eventuais possibilidades do que virá de bom, ou precaver-me diante dos riscos
que posso correr à minha frente. Sei que meus atos de hoje terão consequência à
minha frente, do mesmo modo como meu passado trouxe até aqui.
Para viver bem, tenho que fazer dois movimentos: um deles é integrar o
meu passado, sem ficar remoendo-me nele; o outro é olhar numa possível
perspectiva do que pode acontecer, a depender do que estou fazendo hoje.
E, sobretudo, preciso plantar as sementes do hoje, me alegrando na
plantação, bem como fazer as colheitas, alegrando-me e colher o que foi
plantado, sempre focado no momento presente, pois só este instante é o que me
pertence. O resto só existe na minha cabeça.
Diante do que tenho, o tempo chamado hoje, cabe-me olhar ao redor e fazer
o que estiver ao meu alcance para viver de forma mais plena e alegrar, se
puder, a vida dos que estão na minha vida. Tudo isto no momento presente,
enquanto ainda eu o tenho.
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