VOCÊ AINDA CRÊ EM DEUS?
De vez em quando eu topo com
alguém me fazendo esta pergunta. E confesso que, bem mais do que algumas vezes,
já me perguntei sobre isso.
Fui educado na religião. E não me
considero mais um homem tão religioso, no sentido de uma pessoa que frequenta o
templo rotineiramente. A religião não é mais aquela coisa tão atrativa para
mim, como um dia já foi. Não a abandonei totalmente, contudo.
O mundo é incapaz de nos satisfazer
e precisamos ter os olhos voltados para algo que supere esta mundanidade. O
viver aqui e agora não é suficiente. Sabemos muito bem como a matéria é finita
e como as coisas materiais se deterioram, apodrecem e se acabam. Nada do que é
material permanece para sempre.
Sentimos no próprio corpo a
limitação da vida humana. Tudo o que nos cerca e nos encanta é precário. Não há
beleza que dure eternamente. A juventude é considerada o ápice da vida humana e
passa tão rápida. E nem sequer temos tempo de desfrutá-la. De repente, ao
olharmos para trás, um pouquinho só, vemos como passa a juventude num piscar de olhos.
Um dia olhamos para o espelho e
nos descobrimos mais velhos. Aparecem aqui e ali alguns sinais, marcando nossos
corpos: rugas; cabelos embranquecendo e se tornando mais ralos, caindo; nossos ossos fragilizados; nossos músculos encolhendo; nossa vitalidade indo para o ralo; nossa saúde se
desvanecendo.
E vejo que preciso algo mais.
Preciso me voltar para o que permanece.
O que será que permanece, então?
Lembro-me que me falaram, quando eu
era criança, adolescente e mesmo em minha juventude: estude! O estudo e o
conhecimento adquirido será sua maior riqueza, ninguém poderá tirar de você o
tesouro acumulado em sua mente.
Eu confesso que acreditei nisso
por um tempo. Depois, porém, a vida foi me mostrando outras realidades.
Fui observando pessoas muito
conceituadas e capacitadas se tornando velhinhos sem memória. Vi jovens
perdendo seus conhecimentos adquiridos com tanto esforço e persistência, porque
tiveram alguma lesão em um acidente qualquer.
Vi doenças mentais atacando
pessoas tão equilibradas e conhecedoras de tantas matérias.
Mas, sobretudo, pude perceber em
mim mesmo, uma necessidade de estar sempre estudando, tentando apenas manter um
pouco do conhecimento que tive acesso no passado. Percebi que do muito estudado
ficou pouco, talvez ficou mesmo é uma grande sede de conhecer, uma sede que não
se satisfaz jamais. Pude perceber, com o tempo, que preciso correr sempre atrás
dos prejuízos intelectuais.
Percebo já, e ainda estou um pouco
distante da velhice, de minhas dificuldades de adaptação às transformações
modernas tão vertiginosas, e isto porque estou me esforçando para ser um homem
antenado. Considero hoje o meu tempo, não o passado. Não alimento saudosismo, quero
viver o hoje da melhor forma possível. E sei o quanto este embate é
desgastante, porque estou consciente e de que me sobra vontade, porém já começa
a me faltar energia.
Diante disso tudo, chego à
conclusão de que nem o apego às coisas do corpo, nem o apego às coisas da mente
me dão satisfação.
Preciso de algo mais: aquilo que
permanece.
Preciso que meu coração esteja de
fato apegado às coisas do alto, como disse o Apóstolo Paulo, “onde Cristo
está”. Preciso colocar o meu coração no lugar onde os ladrões não tenham
acesso, nem as traças podem corroer, nem os vermes possam consumir. O tesouro
maior está no céu.
E aqui entra o grande valor da
espiritualidade. E espírito aqui deve ser entendido como aquela parte
permanente em nós. Aquilo que fica quando o corpo já se foi e quando a mente se
extinguiu. O espírito humano é parte nossa, que é nossa essência, que pode
gozar da plenitude de Deus. É aquilo que me faz regozijar no Espírito de Deus.
É a centelha divina que não se apaga.
Vem, então, a importância da
religião. Esta, por sua vez, entra como meio e jamais como fim em si mesma.
Quando a religião é um fim em si mesma ela está desvirtuada da sua finalidade.
Afinal, o que é religião, senão um sistema, formado por um conjunto de crenças,
organizado de tal forma, com estrutura e culto, cuja finalidade primeira é
religar o homem à sua essência, ou seja, fazer o homem descobrir em si a sua
origem divina e ajudá-lo a fazer o caminho de volta para Deus?
Eu confesso que fui educado na
religião. Você pode perceber que
meu pensamento é essencialmente religioso. Interpreto o mundo à
minha volta pela perspectiva da reflexão religiosa.
No entanto, não me considero um
homem extremamente religioso, no sentido daquela pessoa que segue à risca os
preceitos religiosos. O preceito que norteia minha vida e conduta está mais na
consciência de buscar fazer o correto do que propriamente em seguir preceitos
religiosos.
Mas como assim?
Eu respeito pessoas que seguem à
risca o que seus pastores mandam, mas eu mesmo não me sinto atrelado a seguir e
obedecer a nenhum padre ou bispo. E, veja bem, considero-me católico. Como eu
disse e reafirmo: não me sinto atrelado!
Fui criado na religião católica
desde criança. Fui seminarista durante quatorze anos e fui padre por mais seis
anos. E digo que fui ligado efetiva e afetivamente à hierarquia da Igreja
Católica.
O tempo passou, as coisas mudaram.
Não deixei a fé católica, mas depois de ter passado pelo processo de laicização
( de clero, voltei a ser leigo), mudei a perspectiva.
Antes, por exemplo, se eu
estivesse em outro lugar, outra região ou Estado, e alguém me perguntasse, quem
é o seu bispo, eu não titubeava em responder. O meu bispo era o ...., que me
ordenou sacerdote, e eu estava incardinado na sua Diocese( que era a minha
também), tinha um Paróquia, na qual eu era o Pároco ou Vigário Paroquial (de
qualquer forma era minha Paróquia).
Hoje, no entanto, as coisas
mudaram. Se alguém me perguntar “qual é o meu bispo”, eu sinto uma coisa
estranha. Eu não “tenho bispo”, assim como não “tenho paróquia”. Eu me tornei o
católico típico de nossa realidade brasileira, um católico que se reconhece
cristão, por crer em Cristo, por ter os fundamentos de sua fé naquilo que é
passado pela Igreja Católica, mas assim um cristão “apátrida”.
Reconheço-me como participante da
Igreja, como um membro do Corpo Místico de Cristo, valorizo o meu batismo, tento
ser bom, contando com a misericórdia divina, e me esforçando para não ser
merecedor do inferno. Amo a Igreja, Corpo Místico de Cristo. Reconheço que
outras pessoas que estão se congregando fora dos muros da instituição católica,
também são merecedoras do nome de cristãos. Respeito as diferenças religiosas.
E tenho consciência que não me encaixo mais tão bem nestas estruturas externas.
Voltando agora ao tópico inicial:
sim, eu creio em Deus, em Jesus Cristo, no Espírito Santo. Tenho um amor aos
cristãos vencedores das batalhas terrenas e que gozam da presença de Deus, no Céu,
especialmente nutro um amor carinhoso à Virgem Maria, Mãe de Jesus. Reconheço
que a Igreja Católica traz em si a essência da mensagem divina, embora com o
decorrer da história ela tenha também agregado muitos elementos totalmente
diversos da sua origem e completamente dispensáveis.
Confesso que hoje sou um pouco
desconfiado das religiões e, principalmente, dos líderes religiosos em geral,
mas a fé, ela deve ser mantida, porque sem ela a vida fica insuportável.
Para finalizar este item, devo
confessar também que creio em um Deus amoroso, que não importa o que aconteça
comigo, vai estar sempre me amando, porque se Ele me criou por Amor, o seu
propósito para mim só pode ser bom.
E este mesmo pensamento que tenho
sobre Deus em relação a mim, eu o tenho também em relação a você, meu leitor:
Deus é amor, e independentemente do que você pense sobre Ele ou do que você
faça em sua vida, Ele sempre vai amar você.
E se você se sente desconfortável
em relação ao que andam ensinando sobre Deus na sua religião, lembre-se desta
verdade: Deus é Maior do que Todas as Religiões!
Eu desisti de querer compreender
Deus, apenas quero que Ele me conduza. Sei que um dia estarei nos braços
amorosos Dele. E será então que o
espírito se encontrará no Espírito de Deus. E todos, mergulhados na essência de
Deus, não teremos mais angústia, apenas a Felicidade do Amor Pleno.
Isso aí meu irmão, o amor de Deus por nós é grandioso e cheio de misericórdia, abração
ResponderEliminarObrigado, minha irmã, pela sua manifestação.
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